Quando me refiro à alimentação, tenho muito cuidado em não
ser repetitiva neste tema, visto que já tenho um rótulo... O de Nutricionista,
ou seja, pessoa totalmente a favor de uma vida saudável e adepta de uma
alimentação correta.
Mas quando olho nos olhos das pessoas e vejo a necessidade
de aderir a esta tão sonhada vida saudável, quando vejo a necessidade de
emagrecimento em um obeso mórbido, um diabético que não consegue conviver com
tantas restrições e disciplinas impostas, o hipertenso que vive descompensando
porque não consegue mudar hábitos que, para mim, são tão comuns e diários, de
fato não me sinto repetitiva e nem um pouco constrangida, mesmo que num evento
social, eu me pegue no meio de um grupo de pessoas “explicando ou expondo
conceitos inerentes a alimentação”.
Pena que a reeducação alimentar tem sido encarada por
profissionais da área como algo taxativo ou mecânico. É como se tudo fosse
simples... Já ouvi profissionais dizendo que “é só fechar a boca para
emagrecer” ou “come, come, come e depois quer emagrecer”. Lamentavelmente, não
enxergamos nas entrelinhas do tratamento, na verdade, olhamos a teoria e nos
baseamos nos fatos vistos em nossas literaturas e utilizamos os conceitos já
descritos para nos guiarmos na terapêutica.
Enquanto alguns se adaptam bem e conseguem êxito em seus
prognósticos, muitos carecem da atenção devida do profissional, que muitas
vezes está alheio a essas “entrelinhas” do diagnóstico.
O tratamento dietoterápico ou a terapêutica dietoterápica é
e sempre foi interligada a análise psicossocial do ser humano. Impossível
desvencilhar uma importância da outra, como é impossível priorizar uma da
outra.
Cuidar do paciente é diferente de trata-lo. Olha-lo e dizer
que se coloca a sua disposição, pode parecer óbvio, mas faz muita diferença na
evolução clínica dele. O simples fato de se aproximar deste paciente nos
aproxima mais de suas individualidades. Individualidades estas que tornam o
tratamento único, personalizado e eficaz.
Ana Paula Corrêa
22/07/2014
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